Bem vindo, você.

Para a tua felicidade, a Internet proporciona a ti, leitor atento, a possibilidade de ter um blog. Ok, mas qual a grande diferença aqui? Num blog, eu e você somos todos autores. Autores porque postamos, autores porque comentamos. Há quem visite blogs e se interesse mais pelos comentários acerca do texto do que pela peça propriamente dita. Isso é um blog. É o que se chama de comunicação colaborativa, geralmente chamado de jornalismo colaborativo, mas prefiro o meu termo, pois não restringe o blogueiro a notícias de cotidiano ou análises pretensiosas. Bem, é isso. Entre, leia e comente. Afinal, o objetivo do fim de um texto é dar espaço para outro começar e conferir sentido à existência do anterior.

Abraços,
Diogo.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Brasil com Z

Que Tem a Carta de Mbiracê

          Meu amado pai,


Hoje faz muito sol que aqui é aí. Meu marido está em frente de mim escrevendo também uma carta para o senhor porque há novidades e ele as vai contar. Vou achando tudo aqui muito curioso mas não acerto com isso de comer com fargos. Quando chegamos ri muito de ver tatna gente de cara barbada mas o que mais me espantou foram homens e mulheres que são cobertos de uma tintura preta e estes servem os que têm a cara pálida e todos andam sempre com roupa mesmo quando há calor e isso me parece muito muito tolo. Os homens daqui têm apensa uma esposa e desconfio que fazem assim porque são fracos e não conseguiram agradar a duas mulheres. São muito bonitos de se ver uns veados sem chifres que há por cá e nos quais os homens vão montados. Seu nome é cavalos e têm de diferente dos nossos veados rabos mais compridos e um cabelo repartido que cai pelo pescoço a que chamam crinas. Animais também engraçados são uns que chamam touros que são grandes como duas antas juntas e têm cornos em forma de meia-lua e às vezes os naturais os soltam em caminhos estreitos e põem-se a correr na frente deles e isto me parece pouco pouco inteligente pois se têm medo deles não deviam soltar. Há algumas ocas muito muito grandes e mais fortes que as nossas e há outras pequenas onde moram muitos e quando Tupã manda chuva de trovões elas desmancham. Aqui há poucas poucas árvores e acho que é por isso que levam tantos arabutãs de nossa terra. Já gente há muita como se fosse dez ou mais de nossas tabas. O cheiro desse lugar é tão ruim quanto o do naritataca e há umas mulheres que ficam num lugar chamado Ribeira e recebem moedas para se deitarem com os homens e isto deve ser muito bom porque variam o marido e ainda ganham por isso. Perguntei a Francisco se poderia ficar com elas e ele gritou-me e disse que nunca mais pedisse uma coisa dessas mas não entendi por quê.
Tenho mais para contar, mas faço isso outro dia. minha barriga dói de tanta vontade ver minha mãe e Sarapopeba e Nhengatã e Jababa.


Da sua filha preferida,
Mbiracê

*Texto extraído do livro Terra Papagalli, de José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta

sexta-feira, 18 de junho de 2010

J.S.

"O egoísmo, geralmente tido por uma das atitudes mais negativas e reprováveis da espécie humana, pode ter, em certas circunstâncias, as suas boas razões." J. Saramago

*A data da postagem foi alterada para aqui ficar gravada a data de falecimento desse amado mestre

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Déjà vu


Conceitos

Texto

O texto é têxtil
Se você erra a costura
Ele perde a formosura

Poesia
Para definir poesia
Não falo com o coração
Mas sim com as palavras desta citação:
"O amor nunca morre de fome, mas de indigestão"

Vida
A vida são os vetores
Você calcula os valores
E aplica a força resultante
O resultado... guarda na estante

Morte
Medo de morte não há
O que se tem é medo de não estar
De não mais tragar desse mundo o odor amargo
Obrigado, Saramago

Conceito
O conceito de conceito não é aceito
Alguém arranje-o um conserto!

terça-feira, 28 de julho de 2009

Conto dos outros


A Aventura de um Esposo e uma Esposa*

O Operário Arturo Massolari fazia o turno da noite, aquele que termina às seis. Para voltar para casa, percorria um longo trajeto, de bicicleta na estação boa, de bonde nos meses chuvosos e frios. Chegava entre as seis e quarenta e cinco e as sete, ou seja, às vezes um pouco antes, às vezes um pouco depois de tocar o despertador da mulher, Elide.

Freqüentemente os dois ruídos, o toque do despertador e o passo dele entrando, se superpunham na mente de Elide, alcançando-a no fundo do sono, o sono compacto da manhãzinha que ela ainda tentava espremer por alguns segundos com o rosto enfiado no travesseiro. Depois pulava fora da cama de uma vez só e já ia metendo os braços às cegas no roupão, com os cabelos por cima dos olhos. Aparecia assim para ele, na cozinha, onde Arturo tirava os recipientes vazios da bolsa que levava consigo para o trabalho — a marmita, a garrafa térmica — e os punha em cima da pia. Já havia acendido o fogão e posto o café no fogo. Mal ele a olhava, Elide sentia vontade de passar a mão pelos cabelos, de arregalar à força os olhos, como se a cada vez se envergonhasse um pouco dessa primeira imagem que o marido tinha dela ao entrar em casa, sempre assim desarrumada, com a cara meio adormecida. Quando dois dormem juntos é outra coisa, encontram-se de manhã a emergirem juntos do mesmo sono, estão em pé de igualdade.

Já às vezes era ele que entrava no quarto para despertá-la, com a xicarazinha de café, um minuto antes que tocasse o despertador; então tudo era mais natural, a careta para sair do sono ganhava uma espécie de suavidade preguiçosa, os braços que se erguiam para estirar, nus, acabavam cingindo o pescoço dele. Abraçavam-se. Arturo trazia no corpo a jaqueta impermeável; sentindo-o próximo, ela percebia o tempo que estava fazendo: se chovia ou havia bruma ou neve, dependendo de como ele estava úmido e frio. Mas assim mesmo dizia: “Que tempo está fazendo?”, e ele iniciava seu costumeiro resmungo meio irônico, passando em revista os incômodos que tinha atravessado, começando pelo fim: o percurso de bicicleta, o tempo que encontrara ao sair da fábrica, diferente daquele de quando lá entrara na noite anterior, e as encrencas no serviço, os boatos que corriam na seção, e assim por diante.

Àquela hora, a casa estava sempre pouco aquecida, mas Elide se despia toda, um pouco arrepiada, e se lavava, no pequeno banheiro. Atrás vinha ele, com mais calma, também se despia e se lavava, lentamente, tirava de cima a poeira e a graxa da oficina. Assim, estando ambos em torno da mesma pia, meio nus, um pouco enregelados, de vez em quando se dando esbarrões, tirando um da mão do outro o sabonete, o dentifrício, e continuando a dizer as coisas que tinham para se dizer, era o momento da intimidade, e às vezes, acontecendo de se ajudarem mutuamente a esfregar as costas, insinuava-se uma carícia, e se encontravam abraçados.

Mas de repente Elide: “Meu deus! Que horas já são!”, e corria para meter as ligas, a saia, tudo com pressa, em pé, escovava os cabelos para cima e para baixo, e debruçava o rosto para o espelho da cômoda, com os grampos seguros entre os lábios. Arturo vinha atrás dela, havia acendido um cigarro, e olhava para ela em pé, fumando, e a cada vez parecia um pouco embaraçado, de ter que ficar ali sem poder fazer nada. Elide estava pronta, enfiava o casaco no corredor, davam-se um beijo, abria a porta e já se ouviam seus passos que desciam a escada correndo.

Arturo ficava sozinho. Acompanhava o ruído dos saltos de Elide degraus abaixo, e quando não a ouvia mais continuava a acompanhá-la em pensamento, aquele passo miúdo, rápido pelo pátio, o portão, a calçada, até o ponto do bonde. Já o bonde se ouvia bem: guinchar, parar, e o bater do estribo a cada pessoa que subia. “Pronto, tomou”, pensava, e via a mulher se segurando no meio da multidão de operários e operárias no “Onze” que a levava para a fábrica como todos os dias. Apagava o cigarro, fechava os postigos das janelas, fivava escuro, metia-se na cama.

A Cama estava como Elide a deixara ao se levantar, mas do lado dele, Arturo, estava quase intacta, como se tivesse sido arrumada naquele momento. Ele se deitava de seu próprio lado, como devia, mas depois esticava uma perna para lá, onde havia ficado o calor da mulher, em seguida esticava também a outra perna, e assim pouco a pouco se deslocava todo para o lado de Elide, naquele nicho de tepidez que ainda conservava a forma do corpo dela, e afundava o rosto em seu travesseiro, em seu perfume, e adormecia.

Quando Elide voltava, à noite, Arturo já havia um tempo rodava pela casa: tinha acendido a estufa, posto alguma coisa para cozinhar. Certos trabalhos ele é que fazia, naquelas horas antes do jantar, como arrumar a cama, limpar um pouco a casa, até pôr de molho as roupas para lavar. Elide depois achava tudo malfeito, mas ele para dizer a verdade não se empenhava muito: o que fazia era apenas uma espécie de ritual para esperar por ela, quase um vir a seu encontro permanecendo entre as paredes da casa, enquanto lá fora se acendiam as luzes e ela passava pelas vendas no meio daquele movimento fora de hora dos bairros onde há tantas mulheres que fazem compras à noite.

Afinal, ouvia o passo pela escada, bem diferente daquele da manhã, agora mais pesado, pois Elide subia cansada do dia de trabalho e carregada de compras. Arturo saía no patamar, tirava da mão dela a sacola, entravam conversando. Ela se jogava numa cadeira na cozinha, sem tirar o casaco, enquanto ele ia tirando as coisas da sacola. Depois: “Coragem, um pouco de ordem”, ela dizia, e se erguia, tirava o casaco, punha uma roupa de casa. Começavam a preparar a comida: jantar para os dois, depois a marmita que ele levava para a fábrica para o intervalo da uma da madrugada, o lanche que ela devia levar para a fábrica no dia seguinte, e o que era para deixar pronto para quando ele acordasse no dia seguinte.

Ela um pouco se atarefava, um pouco se sentava na cadeirinha de palha e dizia a ele o que tinha de fazer. Já ele, era a hora em que estava descansado, agitava-se, aliás, queria fazer tudo, mas sempre um pouco distraído, com a cabeça já em outra coisa. Naqueles momentos ali, chegavam por vezes a ponto de se magoarem, de se dizerem palavras pesadas, porque ela queria que ele estivesse mais atento ao que estava fazendo, que se empenhasse mais, ou então que fosse mais ligado a ela, ficasse mais perto, que a consolasse mais. Enquanto ele, passado o primeiro entusiasmo da volta dela, já estava com a cabeça fora de casa, fixado no pensamento de fazer tudo com pressa porque tinha que ir.

Arrumada a mesa, postas todas as coisas prontas ao alcance da mão para não precisarem mais se levantar, então era o momento da angústia que tomava conta dos dois por terem tão pouco tempo para estarem juntos, e quase não conseguiam levar a colher à boca, da vontade que sentiam de ficar ali segurando a mão um do outro.

Mas o café não havia acabado de passar e já ele estava atrás da bicicleta vendo se estava tudo em ordem. Abraçavam-se. Arturo parecia que só então reparava como era macia e tépida sua esposa. Mas punha no ombro o quadro da bicicleta e descia atento as escadas.

Elide lavava os pratos, examinava a casa de cima a baixo, as coisas que o marido tinha feito, sacudindo a cabeça. Agora ele estava correndo pelas ruas escuras, entre os raros faróis, talvez já estivesse depois do gasômetro. Elide ia para a cama, apagava a luz. De seu próprio lado, deitava, espichava um pé em direção ao lugar do marido, para procurar o calor dele, mas toda vez reparava que onde ela dormia era mais quente, sinal de que Arturo também havia dormido ali, e isso despertava nela uma grande ternura.

*(Italo Calvino – Os amores difíceis (Gli amori difficili)
** A brincadeira com a foto é por dois motivos:
1. Vi Os Incríveis hoje pela terceira ou quarta vez, e é um filme sensacional.
2. Aquela ondinha de se dizer que o que é comum é excepcional, e vice-versa. Porque o conto, para mim, é excepcional de tão simples, de tão ordinário.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Dia 24/07/09


A Quatro Estações

Sentou e acendeu o último cigarro da carteira.

- You know, John, I like classical music. Vivaldi, Le Quattro Stagioni. Do you know this one?

Do outro lado, a voz, ainda desconhecida para nós, tinha um sotaque... latino. Mexicano, talvez?

- I don’t know, patrón. Perdón, I don’t know.
- Oh, that’s bad, John. That’s really pitiful… I was hoping we could hear it together while enjoying some scotch and smoking a good Cuban cigar one of this days. You’ve already did smoke a Cuban cigar, didn’t you, John?
- I am sorry, patrón. I never did. Never did, patrón…
- Hmm… you’re Cuban, right?

- Sí, patrón. Soy cubano.

- So I’ll ask you once again: where the fuck is Jorge hiding? ‘Cause he owes me. And he is Cuban like you. And I really can’t tell the difference between two fucking Cubans, I only know they smell like the shit they had to sleep with while illegally travelling to my country to stole my money. So, you know, I could misunderstand you and Jorge and start to charge you my money instead of him. And I think you wouldn’t find this bueno… vale?

- No, patrón, I would not. Pero…
- Oh, motherfucking Jesus, give the guts not to kill this fucking false Spanish right now. I want a reason why shouldn’t I fucking turn on that blowpipe and stuck it in your ass NOW!

- No, patrón!

- And stop calling me patrón! Just fucking sing to me! Come on!!
- I could not tell you, pat… señor, pero Marco knows. I can get you to Marco and we…
- Shut up. Flint, take this poor man outta my sight. And, please, don’t let him soil the room with his Spanish shit or piss. Do it clean this time.


Ao apagar o cigarro, Larry pensou que algo estava realmente errado. Cada homem que ele interrogava indicava o último homem interrogado (e, obviamente, morto). Eles sabiam o que acontecia naquele galpão. Sabiam, e mesmo assim não fugiam, deixavam-se ser capturados, torturados e mortos sem dizer uma palavra. Estava numa sinuca de bico. Se continuasse, teria que erradicar toda a comunidade cubana residente em São Francisco. Mas não podia deixar um canalha escapar sem pagar o que deve. Nunca fez isso. Era hora de tomar uma decisão, hora de entrar de cabeça no ramo do qual ele sempre fugiu. Tinha de assumir o controle da cidade. No fim das contas, era mesmo hereditário. Acendeu um charuto cubano, também o último da carteira. Telefonou para a esposa e cancelou o jantar com o vereador. Subiu no trem e calculou o tempo até a quarta estação depois daquela. Ligou o ipod. Precisava de um pouco de Vivaldi. Não só porque não queria escutar os gritos de dor do maldito cubano, realmente não era mais tão irritante assim depois de tantos outros. Mas para ajudá-lo a se acalmar. É preciso muita calma e sangue frio antes de olhar nos olhos e atirar bem no meio da cabeça do homem a quem você chama de “pai”.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Reportagem Especial

Copa Paulo Francis de Futebol e Jornalismo

Evento mistura a paixão nacional do brasileiro e a paixão profissional de estudantes de jornalismo da UFPE, garantindo boas risadas e interação na Universidade

Por Diogo Madruga

Há uma lenda que diz que todo jornalista, esportivo ou não, é perna de pau. Os que seguem o jornalismo esportivo seriam os piores, pois seriam jogadores de futebol frustrados. A outra parte dessa lenda conta que, por serem “perronhas”, são os jornalistas quem mais se divertem jogando futebol, pois conseguem imaginar como estariam registrando todo aquele “show de horrores” dentro de campo, diferente da “monotonia” de jogos de futebol profissional. Há 7 anos, um grupo decidiu tornar essa lenda pública. Reuniram-se os estudantes de jornalismo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e montaram uma copa de futebol society. O nome, no mínimo, é irônico: Copa Paulo Francis. À época, a votação ficou entre Francis e Carlos Lacerda, figuras tão polêmicas quanto eles queriam que fosse a Copa. Porém, o diferencial era, e ainda é, o bom humor.

Regada a cerveja gelada (outra paixão dos jornalistas), futebol de qualidade duvidosa e, sempre, muito bom humor, a Copa Paulo Francis (CPF) deu certo. Primeiramente, porque futebol é a inquestionável paixão nacional. Em segundo lugar, porque solucionava um absurdo comum em cursos universitários, mas que não podia ser aceito em Comunicação Social: a falta de interação entre os períodos. E, por último, porque, além de futebol e interação social, a CPF treinava os “peladeiros” para serem bons jornalistas, sempre incentivando a produção de matérias, artigos de opinião, todo tipo de material jornalístico de cobertura do evento, tudo isso postado no blog da Copa. “É muito gratificante chegar a esse sétimo ano de Copa, e ver que aquilo que começou sem esperanças de vingar tornou-se o que é hoje. Vocês não podem deixar que isso morra, principalmente o que há de melhor na Copa, que é essa interação entre os estudantes. Quem se forma em jornalismo sabe como são necessários contatos no mundo lá fora”, declarou Felipe (Salgado) Pequeno, primeiro presidente da Copa Paulo Francis, em 2003, em discurso proferido na cerimônia de encerramento da CPF deste ano de 2009.

A propósito, este foi um ano especial para a Copa Paulo Francis, segundo os antigos participantes dela. “Foi o primeiro ano em que nenhum dos times que jogou estava na primeira edição da Copa, isso mostra o valor que adquiriu, mostra que meu filho cresceu”, ressalta Pequeno. Também neste ano, a organização trabalhou duro para divulgar a Copa, conseguindo bons resultados, como um espaço antes da abertura e outro antes das finais do evento na coluna do profissional homenageado do ano na CPF: Fernando Menezes, do Jornal do Commercio. Além da tão ressaltada menção no programa Conexão Manhattan, do canal televisivo GNT, um programa estilo mesa redonda famoso por ter participantes como Diogo Mainardi, Lucas Mendes e o próprio Paulo Francis, quando era vivo. “Eu e Luiz Felipe [Coordenador Geral da CPF] elaboramos o e-mail e mandamos sem pretensões para o programa, no mesmo tom de bom humor e brincadeira de sempre e, quando vimos, estava lá sendo lido. Foi, pra mim, uma conquista e tanto.”, confessa Gustavo Maia, nomeado em 2009 vice-presidente da Copa, e goleiro do PDF.

Aliás, é curiosa a criatividade dos estudantes para formar os nomes dos times. A regra é a seguinte: os times devem ser formados de uma sigla de três letras, que não represente posição política, insulto a qualquer tipo de religião ou posição política nem xingamento. Times como MSN (referência ao programa da Microsoft de bate-papo na internet) e ETC (igual à abreviação usado no Brasil da expressão latina et Cetera) já figuraram entre os nomes. Outros faziam clara referência à paixão etílica dos jornalistas, o MAA (Movidos a Álcool) e o VTU (Vamos tomar uma?) são bons exemplos. Atualmente, em cada Copa jogam 6 times, ou seis períodos. Os presentes na edição deste ano eram o VTU (recém-formados e atrasados), ETC (9º período), BAU (7º período), PDF (5º período), RYU (3º período) e RUN (1º período).

No blog da Copa é possível acompanhar resenhas, atualizações dos resultados, fotos e vídeos das rodadas. Tudo isso perpassado por um humor e um sarcasmo digno do próprio Paulo Francis. Para os alunos, o valor da Copa é inestimável. Envolvem-se de tal forma que não falam em outra coisa pelos corredores do Centro de Artes e Comunicação (CAC) da UFPE. “Eu não imaginava que era um evento tão sério quando entrei. Mas já estou vendo que é um tradição muito defendida e valorizada no curso. Mais uma boa novidade para quem está entrando agora.”, comenta Felipe Resk, calouro e atacante do RUN.

Final 2009

A sétima edição da Copa Paulo Francis foi uma das mais disputadas e cheias de novidades. Foram 120 gols marcados em 17 jogos, uma média impressionante de 7 gols por partida. Nenhum empate ocorreu e o artilheiro da competição teve 17 gols marcados em 6 jogos. Nós estivemos na eletrizante final da Copa Paulo Francis 2009, (ocorrida no último dia 6 de junho) e fizemos a cobertura do evento.

Realizada, neste ano, na Academia do Gol, em Boa Viagem, a CPF 2009 contou com boa presença tanto dos jogadores quanto das torcidas de cada período. A rodada final, com cerimônia de encerramento marcada para logo depois, começou às 16h, com a disputa pelo terceiro lugar da Copa, realizada entre BAU e RYU. Apesar do fairplay demonstrado inicialmente, com o RYU abdicando de um jogador para se igualar ao BAU, que tinha o time incompleto por motivos de atraso do seu goleiro, o jogo não deixou de ser pegado, disputado com muita vontade por ambos os times. O RYU abriu rapidamente vantagem de 2x0, embalado pela maciça e barulhenta torcida que sempre o acompanha. No segundo tempo, com ambos os times completos, o BAU conseguiu a virada, ampliando ainda para 4x2. No final do jogo o RYU diminuiu mais uma vez, fechando em 4x3 o placar final. Bronze para o BAU.



Logo depois, a tensa final. Mas não a final da CPF, e sim da CPP. É a Copa Patrícia Poeta, criada pelos alunos e alunas a fim de dar espaço também para as jornalistas atletas. O 3º período marcou presença também nesse jogo, com as Chun Lis do RYU (brincadeira criada devido a dois personagens de um jogo de vídeo game) disputando o bicampeonato contra as estreantes do RUN. Pra quem pensa que futebol é coisa de homem, o jogo prendeu a atenção até de quem não estava na Academia do Gol pela Copa. Após abrir vantagem de 2x0, as calouras pareciam dominar o jogo, mas no fim da partida as Chun Lis diminuíram e, num pênalti no último minuto de jogo, empataram em 2x2. Na disputa de pênaltis, o placar foi de 2x0 para as Chun Lis, que se consagraram bicampeãs da Copa Patrícia Poeta.



Grande Final

O brilho da final feminina não ofuscou a expectativa pela final masculina. Embalados por uma impecável campanha, os jogadores do PDF entraram em campo com todos os números ao seu favor. O artilheiro do campeonato, com 14 gols; a média do melhor ataque do campeonato — de 5 gols por partida —; a melhor defesa com apenas 13 gols sofridos; e 100% de aproveitamento, mantendo-se líder da Copa desde o seu início. Contra isso tudo estavam os calouros do RUN, que garantiram presença nas duas finais da edição 2009. O time estreante surpreendeu ao alcançar esse feito. Nunca antes um time de calouros chegara à final. Mas toda as dúvidas foram sanadas, e toda a expectativa foi quebrada ao soar do apito.




Não demorou muito. Antes da metade do primeiro tempo, o PDF já passeava em campo. Desta vez, o placar inicial de 2x0 não acordou o time adversário, só abriu espaço para mais gols. O placar final do jogo foi de um incrível 8x1, chocolate bem aplicado, com competência na marcação e força no ataque. O PDF sagrou-se campeão da Copa Paulo Francis pela primeira vez, e comemorou bastante. Veja os cinco gols marcados no segundo tempo do jogo:



Como toda competição, a CPF também premia os melhores jogadores e os times campeões. Entretanto, como já dito, bom humor é um dos combustíveis desse evento, e premiações como a de Muso e Musa da Copa, além da polêmica medalha de “chiliquento” dão o tom na cerimônia de encerramento. Além disso, em referência à comunidade acadêmica, onde os futuros jornalistas aprendem o que põem em prática no blog, todo ano há uma homenagem também a um professor do Departamento de Comunicação da UFPE. Neste ano, o nome escolhido foi o do professor José Mário Austragésilo, Chefe do Departamento, que também compareceu à final e à cerimônia de encerramento.

Durante os seis sábados de realização da Copa, os alunos de Jornalismo põem de lado o estresse diário que enfrentam nos estágios e na faculdade, e entregam-se de corpo e alma a esse que já é um ritual de sete anos de duração. Iniciativa que deveria ser seguida, não à risca, por muitos outros cursos da UFPE, pois nada mais construtivo do que aliar obrigação e devoção, ainda mais quando isso garante a união de futuros concorrentes do mercado de trabalho.


*Créditos à organização da CPF, por disponibilizar fotos do arquivo da CPF
**Esta reportagem foi um trabalho realizado para a cadeira Tópicos em Jornalismo Digital, ministrada pelo professor Diógenes de Luna, no curso de Jornalismo da UFPE

sábado, 9 de maio de 2009

Miniconto



Do amor, da liberdade

Era de beleza inconteste. Alta, feição decidida, linda. É daquelas por que vale a pena qualquer esforço. Não se viam muito, mas sempre que podia ele subia os mais de 7000 km até a residência dela, e ia ao seu encontro, fazer o que sempre faziam, simplesmente contemplar. Ele contemplava ela, que contemplava o céu. Sempre dizia que ela parecia querer alcançá-lo. Ela não sabia o quanto significava para ele. Acima de tudo, era a representação máxima de seu ideal de vida. Ele a via como uma rainha, de coroa e tudo, uma santa, de deusa do olimpo, vestindo seu manto sagrado e, melhor do que isso, possuía a chama do amor, tinha-na em mãos, era o seu ideal. O seu ideal de liberdade. Eis que certa vez, viajou para outro lugar, não a visitou, mas ia, depois que resolvesse o que tinha para fazer do outro lado do país. "Mas o amor é forte demais", foi o que pensou, quando o avião teve que mudar de rota, completamente, para o lado oposto. Começou a ir em direção a ela, à sua morada. Não acreditava no que via, era ela, podia vê-la lá do alto. Ele pensava, "alcancei o céu, agora vou trazê-lo pra ti." Amou-a e olhou-a até o último instante, até a colisão, até ser privado de amá-la. E ela nunca soube que ele estava neste vôo, nem do seu amor, nem de nada, não podia amar, não era nada a não ser uma estátua em Nova York. Mas se vivo fosse, ele poderia jurar ter visto uma lágrima escorrer da Estátua da Liberdade.

Às vítimas do atentado de 11 de setembro de 2001, que foram privadas de amar em vida, pois homenagens não precisam ser feitas em data certa. Servem para resgatar a vida, e não para relembrar a morte.