sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Serviço


Debaixo do tapete

Quando estudamos em cursos de língua inglesa, comumente escutamos mídias em áudio (óbvio) a fim de exercitar um pouco os martelos, as bigornas e os estribos, garantir o bom funcionamento da massa cinzenta, e aperfeiçoar o que, no boletim, vem classificado como Listening. Eu nunca fui bom em escutar as coisas, seja por um não muito refinado filtro para músicas, seja por ser moco mesmo. Imaginem agora a situação para uma língua nova, outro código, palavras que nunca ouvi/li na vida. Pois é. Listening era meu carma no inglês. Não posso reclamar das notas, geralmente muito acima da média, ainda que abaixo das outras, mas na hora do “vamo ver”, ficava difícil distinguir se o sujeito da fita tinha um gato ou um cachorro. Como eu já disse, nos exercícios eu me dava até bem, afinal geralmente eram muito fáceis. O mais difícil que tínhamos seria o de escutar músicas e ir completando as letras com — nos primeiros níveis — palavras e (nos avançados) frases. Entretanto, eu, como bom aluno que era, gostava de passar disso, e tentava escutar a música sem olhar para o papel, identificando as palavras. O usual era escutarmos pessoas normais cantando. Um Coldplay aqui, um Greenday ali. Beatles pra lá, The Beach Boys pra cá. Gente que fala inglês normal. Mas eis que o energúmeno do professor inventa de colocar uma tal de Alanis Morissette para tocar. Eu sempre gostei de intérpretes femininos. Mas, considerem minha situação, dessa vez era impossível eu não revoltar-me.

Logo na primeira frase da música eu estilei: “An old maid turned REM.” COMO ASSIM? As próximas três frases me fizeram segurar o papel com força para não olhar. Mais uma frase, onde consegui identificar legal, e aí veio o refrão. Putz! Que música! Não podia perder a oportunidade de “cantar junto” (porque foi só mentalmente) e atirei os olhos ao papel. Mas quem disse que eu conseguia acompanhar? A criatura dividia palavras ao meio só pra efeito sonoro, mudava pronúncias para rimar, fazia o inferno com a língua e eu até cheguei a pensar que nem o professor entendia o que estava acontecendo ali. Ao fim de três rodadas de “one more time, teacher!”, consegui completar a minha letra, e descobri que An old maid turned REM na verdade era An old man turned ninety eight. A música chamava-se Ironic, do CD Jagged Little Pill e infelizmente não achei nada irônico nessa história para dar um toque a mais à retórica do texto, leitor. Então, se não estás a fim de ler um pouco de babação à musa canadense, vai-te.

Isso até pode ser irônico: Pouco tempo depois, meu irmão ganhou um CD de Alanis. A essa época, eu já estava mais familiarizado com algumas músicas dela (apesar de não entender as letras da maioria). Mas não conhecia nenhuma do CD Under Rug Swept, à época, lançamento mais recente da cantora. Achei legal um disco de Alanis lá em casa, assim eu poderia conhecê-la melhor, vez que sempre fui preguiçoso demais para downloads de Internet. Demorou um pouco, mas, um dia, deixei Coldplay de lado e tomei a ponte aérea do Reino Unido para o Canadá. A primeira música era muito boa, a voz dela estava bem potente, o que agitava bastante a pessoa. A segunda, parecia melhor. Muito bem humorada, o que aprecio sempre em qualquer tipo de trabalho artístico. Hands Clean, terceira música do álbum, era o carro-chefe, aquela que todo mundo sabia que se tornaria single. E que inclusive menciona o nome do CD na letra. Não à toa todos esses méritos. A música é primorosa. Voz e melodia em uníssono, causando uma harmonia entre ouvinte e canção que me faz suspirar e relaxar enquanto escrevo e “escuto-a” na minha cabeça. Daí pra frente, foi só empolgação. Todas as músicas. Gostei de todas as músicas do CD. Escutei outras vezes, na esperança de que fosse só uma forte primeira impressão, talvez pouco crítica e... bem, de 2003 até hoje, continuo dizendo: é um dos únicos CDs que escuto com gosto todas as músicas, sem exceção.

No próximo dia 30 de janeiro, Alanis Morissette vem ao Recife tocar no Chevrolet Hall. Ainda não comprei o ingresso, mas pretendo fazê-lo o mais rápido possível. Espero que, além do novo CD (Flavors of Entanglement), ela apresente-se cantando músicas de sucesso dela. E, com um pouco de esperança, do Under Rug Swept, CD de muito pouco sucesso, se comparado aos outros, que a renderam o título de roqueira mais comprada da história.

Serviço:
Alanis Morissette – Flavors of Entanglement
Dia: 30 de Janeiro de 2009
Horário: 22h
Local: Chevrolet Hall, Recife, PE, Brasil
Preços: R$ 60,00 (estudante), R$ 120,00 (inteira), R$ 150,00 (camarote vip), 1.500 (camarote 3), 2.000 (camarote 2) e 2.500 (camarote 1)
Informações: +55 (81) 3427.7500

Abraços,
Diogo.