sexta-feira, 19 de junho de 2009

Reportagem Especial

Copa Paulo Francis de Futebol e Jornalismo

Evento mistura a paixão nacional do brasileiro e a paixão profissional de estudantes de jornalismo da UFPE, garantindo boas risadas e interação na Universidade

Por Diogo Madruga

Há uma lenda que diz que todo jornalista, esportivo ou não, é perna de pau. Os que seguem o jornalismo esportivo seriam os piores, pois seriam jogadores de futebol frustrados. A outra parte dessa lenda conta que, por serem “perronhas”, são os jornalistas quem mais se divertem jogando futebol, pois conseguem imaginar como estariam registrando todo aquele “show de horrores” dentro de campo, diferente da “monotonia” de jogos de futebol profissional. Há 7 anos, um grupo decidiu tornar essa lenda pública. Reuniram-se os estudantes de jornalismo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e montaram uma copa de futebol society. O nome, no mínimo, é irônico: Copa Paulo Francis. À época, a votação ficou entre Francis e Carlos Lacerda, figuras tão polêmicas quanto eles queriam que fosse a Copa. Porém, o diferencial era, e ainda é, o bom humor.

Regada a cerveja gelada (outra paixão dos jornalistas), futebol de qualidade duvidosa e, sempre, muito bom humor, a Copa Paulo Francis (CPF) deu certo. Primeiramente, porque futebol é a inquestionável paixão nacional. Em segundo lugar, porque solucionava um absurdo comum em cursos universitários, mas que não podia ser aceito em Comunicação Social: a falta de interação entre os períodos. E, por último, porque, além de futebol e interação social, a CPF treinava os “peladeiros” para serem bons jornalistas, sempre incentivando a produção de matérias, artigos de opinião, todo tipo de material jornalístico de cobertura do evento, tudo isso postado no blog da Copa. “É muito gratificante chegar a esse sétimo ano de Copa, e ver que aquilo que começou sem esperanças de vingar tornou-se o que é hoje. Vocês não podem deixar que isso morra, principalmente o que há de melhor na Copa, que é essa interação entre os estudantes. Quem se forma em jornalismo sabe como são necessários contatos no mundo lá fora”, declarou Felipe (Salgado) Pequeno, primeiro presidente da Copa Paulo Francis, em 2003, em discurso proferido na cerimônia de encerramento da CPF deste ano de 2009.

A propósito, este foi um ano especial para a Copa Paulo Francis, segundo os antigos participantes dela. “Foi o primeiro ano em que nenhum dos times que jogou estava na primeira edição da Copa, isso mostra o valor que adquiriu, mostra que meu filho cresceu”, ressalta Pequeno. Também neste ano, a organização trabalhou duro para divulgar a Copa, conseguindo bons resultados, como um espaço antes da abertura e outro antes das finais do evento na coluna do profissional homenageado do ano na CPF: Fernando Menezes, do Jornal do Commercio. Além da tão ressaltada menção no programa Conexão Manhattan, do canal televisivo GNT, um programa estilo mesa redonda famoso por ter participantes como Diogo Mainardi, Lucas Mendes e o próprio Paulo Francis, quando era vivo. “Eu e Luiz Felipe [Coordenador Geral da CPF] elaboramos o e-mail e mandamos sem pretensões para o programa, no mesmo tom de bom humor e brincadeira de sempre e, quando vimos, estava lá sendo lido. Foi, pra mim, uma conquista e tanto.”, confessa Gustavo Maia, nomeado em 2009 vice-presidente da Copa, e goleiro do PDF.

Aliás, é curiosa a criatividade dos estudantes para formar os nomes dos times. A regra é a seguinte: os times devem ser formados de uma sigla de três letras, que não represente posição política, insulto a qualquer tipo de religião ou posição política nem xingamento. Times como MSN (referência ao programa da Microsoft de bate-papo na internet) e ETC (igual à abreviação usado no Brasil da expressão latina et Cetera) já figuraram entre os nomes. Outros faziam clara referência à paixão etílica dos jornalistas, o MAA (Movidos a Álcool) e o VTU (Vamos tomar uma?) são bons exemplos. Atualmente, em cada Copa jogam 6 times, ou seis períodos. Os presentes na edição deste ano eram o VTU (recém-formados e atrasados), ETC (9º período), BAU (7º período), PDF (5º período), RYU (3º período) e RUN (1º período).

No blog da Copa é possível acompanhar resenhas, atualizações dos resultados, fotos e vídeos das rodadas. Tudo isso perpassado por um humor e um sarcasmo digno do próprio Paulo Francis. Para os alunos, o valor da Copa é inestimável. Envolvem-se de tal forma que não falam em outra coisa pelos corredores do Centro de Artes e Comunicação (CAC) da UFPE. “Eu não imaginava que era um evento tão sério quando entrei. Mas já estou vendo que é um tradição muito defendida e valorizada no curso. Mais uma boa novidade para quem está entrando agora.”, comenta Felipe Resk, calouro e atacante do RUN.

Final 2009

A sétima edição da Copa Paulo Francis foi uma das mais disputadas e cheias de novidades. Foram 120 gols marcados em 17 jogos, uma média impressionante de 7 gols por partida. Nenhum empate ocorreu e o artilheiro da competição teve 17 gols marcados em 6 jogos. Nós estivemos na eletrizante final da Copa Paulo Francis 2009, (ocorrida no último dia 6 de junho) e fizemos a cobertura do evento.

Realizada, neste ano, na Academia do Gol, em Boa Viagem, a CPF 2009 contou com boa presença tanto dos jogadores quanto das torcidas de cada período. A rodada final, com cerimônia de encerramento marcada para logo depois, começou às 16h, com a disputa pelo terceiro lugar da Copa, realizada entre BAU e RYU. Apesar do fairplay demonstrado inicialmente, com o RYU abdicando de um jogador para se igualar ao BAU, que tinha o time incompleto por motivos de atraso do seu goleiro, o jogo não deixou de ser pegado, disputado com muita vontade por ambos os times. O RYU abriu rapidamente vantagem de 2x0, embalado pela maciça e barulhenta torcida que sempre o acompanha. No segundo tempo, com ambos os times completos, o BAU conseguiu a virada, ampliando ainda para 4x2. No final do jogo o RYU diminuiu mais uma vez, fechando em 4x3 o placar final. Bronze para o BAU.



Logo depois, a tensa final. Mas não a final da CPF, e sim da CPP. É a Copa Patrícia Poeta, criada pelos alunos e alunas a fim de dar espaço também para as jornalistas atletas. O 3º período marcou presença também nesse jogo, com as Chun Lis do RYU (brincadeira criada devido a dois personagens de um jogo de vídeo game) disputando o bicampeonato contra as estreantes do RUN. Pra quem pensa que futebol é coisa de homem, o jogo prendeu a atenção até de quem não estava na Academia do Gol pela Copa. Após abrir vantagem de 2x0, as calouras pareciam dominar o jogo, mas no fim da partida as Chun Lis diminuíram e, num pênalti no último minuto de jogo, empataram em 2x2. Na disputa de pênaltis, o placar foi de 2x0 para as Chun Lis, que se consagraram bicampeãs da Copa Patrícia Poeta.



Grande Final

O brilho da final feminina não ofuscou a expectativa pela final masculina. Embalados por uma impecável campanha, os jogadores do PDF entraram em campo com todos os números ao seu favor. O artilheiro do campeonato, com 14 gols; a média do melhor ataque do campeonato — de 5 gols por partida —; a melhor defesa com apenas 13 gols sofridos; e 100% de aproveitamento, mantendo-se líder da Copa desde o seu início. Contra isso tudo estavam os calouros do RUN, que garantiram presença nas duas finais da edição 2009. O time estreante surpreendeu ao alcançar esse feito. Nunca antes um time de calouros chegara à final. Mas toda as dúvidas foram sanadas, e toda a expectativa foi quebrada ao soar do apito.




Não demorou muito. Antes da metade do primeiro tempo, o PDF já passeava em campo. Desta vez, o placar inicial de 2x0 não acordou o time adversário, só abriu espaço para mais gols. O placar final do jogo foi de um incrível 8x1, chocolate bem aplicado, com competência na marcação e força no ataque. O PDF sagrou-se campeão da Copa Paulo Francis pela primeira vez, e comemorou bastante. Veja os cinco gols marcados no segundo tempo do jogo:



Como toda competição, a CPF também premia os melhores jogadores e os times campeões. Entretanto, como já dito, bom humor é um dos combustíveis desse evento, e premiações como a de Muso e Musa da Copa, além da polêmica medalha de “chiliquento” dão o tom na cerimônia de encerramento. Além disso, em referência à comunidade acadêmica, onde os futuros jornalistas aprendem o que põem em prática no blog, todo ano há uma homenagem também a um professor do Departamento de Comunicação da UFPE. Neste ano, o nome escolhido foi o do professor José Mário Austragésilo, Chefe do Departamento, que também compareceu à final e à cerimônia de encerramento.

Durante os seis sábados de realização da Copa, os alunos de Jornalismo põem de lado o estresse diário que enfrentam nos estágios e na faculdade, e entregam-se de corpo e alma a esse que já é um ritual de sete anos de duração. Iniciativa que deveria ser seguida, não à risca, por muitos outros cursos da UFPE, pois nada mais construtivo do que aliar obrigação e devoção, ainda mais quando isso garante a união de futuros concorrentes do mercado de trabalho.


*Créditos à organização da CPF, por disponibilizar fotos do arquivo da CPF
**Esta reportagem foi um trabalho realizado para a cadeira Tópicos em Jornalismo Digital, ministrada pelo professor Diógenes de Luna, no curso de Jornalismo da UFPE