sexta-feira, 24 de julho de 2009

Dia 24/07/09


A Quatro Estações

Sentou e acendeu o último cigarro da carteira.

- You know, John, I like classical music. Vivaldi, Le Quattro Stagioni. Do you know this one?

Do outro lado, a voz, ainda desconhecida para nós, tinha um sotaque... latino. Mexicano, talvez?

- I don’t know, patrón. Perdón, I don’t know.
- Oh, that’s bad, John. That’s really pitiful… I was hoping we could hear it together while enjoying some scotch and smoking a good Cuban cigar one of this days. You’ve already did smoke a Cuban cigar, didn’t you, John?
- I am sorry, patrón. I never did. Never did, patrón…
- Hmm… you’re Cuban, right?

- Sí, patrón. Soy cubano.

- So I’ll ask you once again: where the fuck is Jorge hiding? ‘Cause he owes me. And he is Cuban like you. And I really can’t tell the difference between two fucking Cubans, I only know they smell like the shit they had to sleep with while illegally travelling to my country to stole my money. So, you know, I could misunderstand you and Jorge and start to charge you my money instead of him. And I think you wouldn’t find this bueno… vale?

- No, patrón, I would not. Pero…
- Oh, motherfucking Jesus, give the guts not to kill this fucking false Spanish right now. I want a reason why shouldn’t I fucking turn on that blowpipe and stuck it in your ass NOW!

- No, patrón!

- And stop calling me patrón! Just fucking sing to me! Come on!!
- I could not tell you, pat… señor, pero Marco knows. I can get you to Marco and we…
- Shut up. Flint, take this poor man outta my sight. And, please, don’t let him soil the room with his Spanish shit or piss. Do it clean this time.


Ao apagar o cigarro, Larry pensou que algo estava realmente errado. Cada homem que ele interrogava indicava o último homem interrogado (e, obviamente, morto). Eles sabiam o que acontecia naquele galpão. Sabiam, e mesmo assim não fugiam, deixavam-se ser capturados, torturados e mortos sem dizer uma palavra. Estava numa sinuca de bico. Se continuasse, teria que erradicar toda a comunidade cubana residente em São Francisco. Mas não podia deixar um canalha escapar sem pagar o que deve. Nunca fez isso. Era hora de tomar uma decisão, hora de entrar de cabeça no ramo do qual ele sempre fugiu. Tinha de assumir o controle da cidade. No fim das contas, era mesmo hereditário. Acendeu um charuto cubano, também o último da carteira. Telefonou para a esposa e cancelou o jantar com o vereador. Subiu no trem e calculou o tempo até a quarta estação depois daquela. Ligou o ipod. Precisava de um pouco de Vivaldi. Não só porque não queria escutar os gritos de dor do maldito cubano, realmente não era mais tão irritante assim depois de tantos outros. Mas para ajudá-lo a se acalmar. É preciso muita calma e sangue frio antes de olhar nos olhos e atirar bem no meio da cabeça do homem a quem você chama de “pai”.

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